Sob o lema «Galiza com o 25 de Abril, sempre!» o programa da AJA-Galiza incluiu o passe de dous filmes, umha palestra com protagonistas daqueles dias, umha exposiçom de cartazes comemorativos e muita música.
A Galiza celebrou, mais um ano, o 25 de Abril e os seus valores. Como em aniversários anteriores, foram diversas as organizaçons a proporem actividades à volta dos valores revolucionários e democráticos que há quarenta e quatro anos, em 1974, terminavam com a ditadura salazarista e abriam passo a um processo político carregado de esperança. Umha das novidades, neste ano, foi a incorporaçom da recém-nascida AJA Galiza a esse conjunto de colectivos. Sob o lema «Galiza com o 25 de Abril, sempre!» e em colaboraçom com as câmaras municipais de Compostela e Rianjo, o núcleo galego da Associaçom José Afonso preparou um programa que incluiu o passe de dous filmes, umha palestra com protagonistas daqueles dias, umha exposiçom de cartazes comemorativos e muita música.
As actividades começaram o dia 23 no local da associaçom vicinal Francisco Asorei do bairro da Almáciga (Compostela), com a exibiçom da curta-metragem de animaçom «O cravo da liberdade», de Andreia Marques (1996) e do documentário «Bom povo português» — um clássico de Rui Simões produzido em 1981 e que se centra em explicar, sem renunciar à expressom artística, os acontecimentos do processo político inagurado em Abril de 1974.
No dia seguinte, 24, as actividades continuaram na Faculdade de Geografia e História da USC da mao de Margarita Ledo e Camilo Mortágua. Margarita Ledo, professora e realizadora cinematográfica que estivera exilada em Portugal precisamente naquela altura, explicou o trabalho das organizaçons galegas clandestinas que operavam acavalo entre a Galiza e Portugal para tombar o regime franquista. Pola sua vez, Camilo Mortágua, histórico militante da esquerda portuguesa, que tinha feito parte do DRIL na famosa açom do Santa Liberdade e que depois foi membro de LUAR, participando em várias açons que permitiram financiar a posterior Revoluçom, realizou um repasso polas vivências daquele período e tratou de explicar os motivos que impulsam as pessoas a se envolverem em acontecimentos maiores do que si mesmas — neste caso, a chamada Revoluçom dos Cravos.
O próprio dia do aniversário, 25, a AJA Galiza celebrou duas actividades. À tarde, a historiadora da arte e comissária Alba R. Silgo inaugurou em Rianjo a exposiçom com umha vintena de cartazes comemorativos daquela data — vários dos quais originais da época confiados à própria Associaçom para a sua custódia. À noite, de maos dadas com o grupo de música tradicional Os Enxebres de S. Lázaro, celebrou-se uma foliada e cantar colectivo polas ruas de Compostela da cançom que se iria converter na mais famosa da Revoluçom: o Grândola, vila morena de José Afonso. A açom, que já se tinha celebrado em anos anteriores mas que nesta ocasiom foi integrada na programaçom da AJA saiu da Praça do Pam e decorreu pola praça do Obradoiro, a praça das Pratarias e a rua do Vilar, terminando na Praça do Toral, onde o Grândola deu passo a outras cançons e bailes.
A música ainda continuou o sábado 28, com o concerto que a AJA tinha preparado para ser feito ao ar livre na própria Praça do Pam, e que finalmente acabou por ser trasladado para o Centro Socio-Cultural de Fontinhas por causa da meteorologia. O concerto «Abril Sempre» trouxo a Compostela o trio composto por José Manuel Ésse, Pedro Branco — filho do histórico cantor de intervençom José Mário Branco — e Artur Quaresma, e o duo formado por Manuel Teixeira e António Rosa. Um concerto em que foram repassados temas do Zeca Afonso e doutros cantores portugueses da altura, como Adriano Correia de Oliveira ou Fausto Bordalo, e que terminou com a imortal Grândola.